São Paulo, 22 de abril de 2013
Carta aberta aos “haters” virtuais:
Sei que pode lhes parecer ambígua a expressão ‘”haters” virtuais’, já que os senhores quase nunca destilam tamanho ódio no mundo real. Parece-me que, lá no fundo, vocês têm a consciência do quão errada e prejudicial é à sociedade a violência da qual se valem: afinal, o “hatear” a tem como pré-requisito, uma vez que os argumentos ou críticas ponderadas a determinadas atitudes não existem no momento em que a repercussão é necessária para a opinião de vocês, que, sem fundamentação, só se fortalece com xingamentos e julgamentos equivocados.
Hoje, dia seguinte a uma data tão marcante para o nosso país, venho confrontar o tribunal digital porque recebi ataques de todos os tipos após um trabalho que realizei em parceria com a “Coca-Cola”. Ora, não é novidade para ninguém que o mundo é globalizado e que o Brasil, felizmente, faz parte disso: celebraremos a Copa do Mundo em nosso país que, com tanto esforço – e tantas mortes, Tiradentes que o diga – conquistou sua independência e espaço no mundo. Tiradentes morreu ontem para que, hoje, nosso povo gozasse da liberdade - tão almejada desde muito antes de 1792. A liberdade de participar da Copa do Mundo e de mostrar o ‘jeitinho brasileiro’ espalhado pelo samba, pelo futebol, pela Bossa, pelas paisagens e, principalmente, pelo comportamento democrático e amigável que o nosso povo sempre teve: aqui há espaço para todos. Como eu disse na propaganda, retifico: “(...) o Brasil é o país de todo mundo, o futebol é o esporte de todo mundo e a Coca-Cola é a bebida de todo mundo”.
Tomar Coca-Cola não me faz menos brasileiro. Enquanto produto de acesso popular, conhecido e aprovado a nível nacional, por que o faria? E, para a tranquilidade de vocês, não deixei de tomar meu guaraná. Afinal, sei que a economia nacional é o que mais lhes preocupa, já que o medo por estarem cometendo crimes por meio dos inúmeros discursos de ódio que venho recebendo foi tomado por uma sensação de inimputabilidade nunca vista por mim anteriormente. As telas, de fato, são poderosas.
Tribunal digital, por fim, peço permissão para que haja uma última reflexão por parte dos senhores: como perderíamos o nosso espaço no mundo se nós somos a mais perfeita materialização de sua pluralidade? Esse é o lado mais bonito do Brasil: a harmonia entre a mandioca, a feijoada, a pizza, a comida japonesa, o quibe, o guaraná e a Coca-Cola. Desde que todos estejam de verde e amarelo, é claro, as diferenças embelezam o país e reforçam a liberdade penosamente conquistada. Não tentem distorcê-la, sobretudo de forma criminosa: eu continuo sendo brasileiro e não há foro privilegiado para o júri virtual.
Abraços calorosos (que só um verdadeiro conterrâneo entenderia), Tom Zé